quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

HGV atualiza profissionais para diagnóstico da Hanseníase

Com o objetivo de discutir a implantação do Fluxo Diagnóstico das Recidivas, conforme preconiza a nova portaria do Ministério da Saúde (MS), que institui o diagnóstico de recidiva em hanseníase como responsabilidade dos centros de referência; acontece às 14h desta quinta-feira (24), na Clínica Dermatológica do Hospital Getúlio Vargas, um encontro com os profissionais das duas referências em hanseníase no Piauí.

Casos de volta da doença (recidiva) acontecem quando o paciente é tratado regularmente e recebe alta por cura e, após um período de incubação, reaparecem os sinais e sintomas da doença.

“O HGV é um dos dois centros de referência no Estado, e já realiza atividades de atualização dos profissionais , como sessões para discutir os casos mais complexos e validação dos diagnósticos”, explica a coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do HGV , Alaíde Amorim.

No período de 2001 a 2010, a Clínica Dermatológica do HGV notificou 1.115 casos de hanseníase, dos quais 8% foram considerados casos de recidivas.

A Sessão Clínica será conduzida pela Drª Maria Leide Wand-del-rei, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Comitê Assessor da Hanseníase do Ministério da Saúde (MS) e do Adviser Commite Global Leprosy Program/WHO.

O evento será promovido pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do HGV, com o apoio da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção Piauí.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

RESENHA DO LIVRO 25 ANOS - MORHAN-PIAUÍ

O livro Morhan Piauí 25 anos de Ruimar Batista, Coordenador do Morhan - Piauí, tem o seu prefácio: MORHAN UMA HISTÓRIA DE CONQUISTAS E CRESCIMENTO HUMANO feito pela professora Graça Silva, que é também assessora da Coordenadoria Estadual dos Direitos Humanos e da Juventude.

Apresenta inicialmente uma referência aos 25 anos do movimento no Piauí tomando para reflexão inicial quatro termos: Alteridade, Identidade, A decisão de participar e Políticas públicas e em seguida, faz uma retomada histórica do movimento no Piauí através do relato das Ações, Atividades e Projetos, em texto e fotos. Finaliza com duas reflexões nos apêndices, a primeira de autoria do próprio Ruimar Batista: O MORHAN COMBATE O ANALFABETISMO AFETIVO e a segunda, A FUNÇÃO DO PADRINHO, de Abdom Silva, Coordenador de comunicação do Morhan-Piauí e responsável pelo projeto gráfico, capa e arte, digitação e revisão do livro.

No prefácio, a professora Graça Silva, relembra o primeiro contato com o mohran no início da década de 80 e considera que o movimento tenha desenvolvido “um papel pedagógico” na luta em defesa dos direitos sociais com referência à conquista de direitos.

Em 25 anos do MORHAN-Piauí, ao propor a reflexão inicial sobre os termos: ALTERIDADE, IDENTIDADE, A DECISÃO DE PARTICIPAR e POLÍTICAS PÚBLICAS, o autor leva-nos a perceber a necessidade do respeito à outra pessoa e faz uma retomada do significado da identidade ao longo da história da humanidade, cuja definição se reporta á valorização do ‘eu’ enquanto ser coletivo, posto que é fruto das relações interpessoais que fazem. Faz também uma referência à participação popular na luta pela redemocratização do país, destacando o processo de organização de entidades luta e conquistas das minorias, dentre elas, o MORHAN.

Ruimar Batista ao refletir sobre o significado das políticas públicas e a relação com o estado, diz que elas são “atitudes” do estado, mas não se constituem em “favor”. Políticas públicas são conquistas geradas através da organização e da luta/exigência pela garantia de direitos.

A partir daí, cita o Morhan neste processo de luta e conquistas, fazendo ainda alguns esclarecimentos quanto aos tipos de políticas públicas, conforme a sua área de abrangência e finaliza afirmando que as políticas públicas de hanseníase no Brasil, em particular, no Piauí, “[...] não passam de um tubo de ensaio, estão muito longe das expectativas do MORHAN ou das pessoas que convivem com a doença.”

Tratando mais especificamente da história do movimento em nosso estado, apresenta em seguida o texto: MORHAN-Piauí: A HISTÓRIA, no qual primeiramente se reporta aos tipos de hanseníase e formas de contágio para depois situar historicamente o nascimento/criação do movimento no estado, cuja história se inicia a partir da vida do próprio autor que, pelo contato com outra pessoa com hanseníase e sem tratamento, contraiu a doença.

A partir daí recebe informações de especialistas quanto á hanseníase e sobre o Morhan, que após momentos de estruturação, se consolida e é fundado oficialmente, no estado, em 12 de setembro de 1985. Nestes anos de discussão e consolidação, segundo ele, o movimento vem adotando uma pedagogia de ação que combate o preconceito e a discriminação.

Ruimar Batista, ainda neste texto, define o Morhan como uma entidade de pessoas voluntárias que contraíram ou não a doença, que assumem o compromisso de participar dos processos de diagnóstico, tratamento e cura da doença, bem como do processo de elaboração de políticas públicas, contribuindo assim para que as pessoas reflitam e busquem cidadania plena.

Em relação às Ações, Atividades e Projetos, o autor faz uma espécie de linha do tempo destacando os principais acontecimentos nos anos de 1985 a 2010, como o dia mundial de combate à hanseníase, os encontros estaduais, as mobilizações com artistas nacionais, o I Congresso Interno do Morhan, a implementação de projetos em comunidades quilombolas e outras ações educativas como o trabalho desenvolvido com a carreta da saúde. Em seguida, o autor também apresenta registros fotográficos de alguns destes momentos.

No primeiro texto dos apêndices, O MORHAN COMBATE O ANALFABETISMO AFETIVO também de sua autoria, Ruimar Batista se reporta aos aprendizados vivenciados pelo movimento e cita a pedagogia da autonomia e a pedagogia da ternura, um processo que perdura por 25 anos e que em meio a erros e acertos, prevalece o desejo de mudança de sentimentos proclamando-se uma alfabetização afetiva, o que motivou a campanha “Remédio só não basta. É preciso amor.” É necessário, portanto, vencer a hanseníase através da pedagogia do amor, diz ele.

No segundo texto, A FUNÇÃO DO PADRINHO, de Abdom Silva, está o exemplo vivo desta pedagogia. A experiência de vida contada a partir da relação padrinho/afilhado leva o Abdom a identificar as mazelas do Estado reacionário e as injustiças praticadas pela sociedade, mas leva-o também a construir sua identidade a partir da relação com as outras pessoas convivendo e adotando posturas de respeito e de luta contra as formas de discriminação e preconceito.

O livro é muito mais que um resgate histórico, porque não se limita a contar fatos, mas a situá-los dentro de contextos sociais e políticos, que nos leva à reflexão da nossa condição de pessoas cidadãs e de como é possível construir um movimento que vai além da doença que lhe identifica primeiramente, porque não é a hanseníase apenas isso, ela é parte de uma doença social bem maior que explora e que vitima milhões de pessoas sem direitos sociais, garantidos na lei, mas ainda distantes de suas vidas.

Ruimar Batista mostra isso de uma forma muito dinâmica, apresentando com riqueza de detalhes o significado e a missão do morhan, ultrapassando o mero detalhamento do que foi feito ao longo destes 25 anos de movimento.

ROSÂNGELA RIBEIRO DE CARVALHO

Panfleto sobre a Hanseníase - Morhan -Piauí 2011



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